"A baixeza mais vergonhosa é a adulação!"
"Os bancos das praças estão sempre ocupados por desocupados".
"Os valores morais são os únicos que conservaram os preços de antigamente!"
Organizações da sociedade civil estão se mobilizando para um protesto na próxima segunda-feira (15), em frente ao Senado Federal, em Brasília, contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 45/2023. A PEC, apresentada pelo presidente da casa legislativa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), propõe alterar o artigo 5º da Constituição Federal para criminalizar a posse e o porte de maconha e de qualquer outra droga, independentemente da quantidade. O protesto está agendado para começar às 12h, poucas horas antes de uma sessão de debates sobre o tema.
Segundo os organizadores, a aprovação dessa medida poderia resultar na criminalização de um em cada cinco brasileiros, em um país onde milhões já fizeram uso de substâncias como a maconha. Fran Silva, fundadora da Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas (Renfa), uma das organizadoras do ato, critica a proposta.
“Essa PEC reforçaria o racismo estrutural no país porque vai impactar a vida dos brasileiros de maneira diferente. Mais pessoas serão presas, teremos mais estigmatização no país e menos condições de cuidar da saúde das pessoas que fazem uso de droga."
A Iniciativa Negra Por Uma Nova Política sobre Drogas é outra entidade que está mobilizando o ato. Nathália Oliveira, socióloga e cofundadora da organização , destacou a importância da protesto.
“Precisamos fazer valer a participação social para que não haja retrocessos e um potencial aumento de práticas racistas e de desigualdades. A PEC do jeito que está, deve afetar as camadas mais vulneráveis da sociedade.”
Segundo especialistas e organizadores da manifestação, a PEC apresentada por Pacheco vai na contramão do que o mundo está adotando em políticas de drogas, pautadas, sobretudo, na redução de danos, assistência social e integração comunitária e respeito aos direitos humanos.
Estudos internacionais mostram que a criminalização do uso de drogas não conduz à redução do consumo e tende a aumentar a violência. Essas experiências levaram cerca de 60 países a fazerem declarações na Organização das Nações Unidas (ONU) reconhecendo os impactos negativos que as abordagens repressivas trazem para a sociedade, como o encarceramento em massa da população, a letalidade policial, além de agravar os problemas de saúde pública e gerar custos significativo para os cofres públicos.
Após o ato, Andrea Galassi, professora da UNB e conselheira da Plataforma Brasileira de Política de Drogas, e o médico Drauzio Varella estarão presentes na sessão de debates que será transmitida ao vivo pelo canal do Senado no YouTube, a partir das 14h. Trata-se de uma vitória das entidades da sociedade civil, que pressionaram por mais discussão sobre o projeto antes da votação, prevista para acontecer já na próxima semana.
Andrea, Drauzio e outros especialistas esperam esclarecer dúvidas e combater preconceitos sobre o uso de drogas com base em evidências científicas.
A PEC 45/2023 deve ser votada enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) julga, justamente, a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal.
Em 6 de março, o tema retornou à pauta da Corte após pedido de vista do ministro André Mendonça, em agosto de 2023. Neste momento, o placar está em 5 a 1 a favor da descriminalização - o que significa que basta apenas mais um voto favorável para que o porte de maconha para consumo próprio deixe de ser criminalizado. Votaram a favor os ministros Gilmar Mendes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e a ministra recém-aposentada Rosa Weber; enquanto Cristiano Zanin votou contra. O ministro Dias Toffoli, entretanto, pediu vistas e o julgamento foi suspenso por 90 dias.
Apesar do julgamento tratar do porte de drogas como um todo, os ministros que votaram a favor da descriminalização o fizeram apenas com relação maconha, exceto Gilmar Mendes. A análise do tema foi iniciada pelo STF em 2015 a partir do julgamento da constitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006), baseado em um fato concreto de prisão por porte de 3g de maconha.
O STF, porém, não vai "legalizar a maconha" ao final do julgamento, mesmo se houver mais um voto favorável à descriminalização. Isso porque descriminalizar o porte para consumo pessoal não significa a legalização total, visto que a produção, venda e distribuição de maconha ou de qualquer droga seguem proibidos no Brasil.
O efeito prático, caso o porte para consumo próprio seja, de fato, descriminalizado, seria apenas impedir que pessoas flagradas portando pequenas quantidades de maconha, desde que comprovado que é para uso pessoal, não sejam penalizadas. Atualmente, a Lei de Drogas considera crime adquirir, guardar e transportar entorpecentes para consumo pessoal e prevê penas como prestação de serviços à comunidade.
A interpretação do que é quantidade para "consumo pessoal" e o que configura tráfico, entretanto, é feita, a princípio, pelas polícias, que recorrentemente consideram pretos e pobres como traficantes e pessoas brancas, de classe média ou alta como usuários. O julgamento do STF, portanto, atacaria este cenário e definiria, exatamente, qual a quantidade de droga que pode ser considerada para uso pessoal.
Fonte: https://revistaforum.com.br
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