Política tarifária de Trump provoca tensão no Congresso dos EUA

[Política tarifária de Trump provoca tensão no Congresso dos EUA]

As políticas tarifárias de Donald Trump têm provocado tensão entre parlamentares, em especial no Senado dos EUA. Os democratas, na oposição, têm se mostrado indignados e bastante vocais, enquanto os republicanos ficam cada vez mais divididos.

Como forma de amenizar um possível racha partidário, parlamentares republicanos estão pressionando o governo Trump para fechar acordos afim de revogar tarifas e estão pedindo à Casa Branca mais detalhes sobre a estratégia.

Tarifaço

  • Donald Trump anunciou uma série de tarifas recíprocas contra diversos países ao redor do mundo no dia 2 de abril.
  • Após a polêmica medida, parte da guerra comercial iniciada por Trump, diversos países buscaram os EUA para negociar a tentar reduzir taxas.
  • A China, contudo, decidiu entrar na guerra de Trump e aplicou tarifa de 84% sobre produtos importados dos EUA. Horas depois, foi taxada em 125%.
  • Nessa quinta-feira (10/4), a Casa Branca afirmou que taxará a China em 145%.
  • Nessa quarta-feira (9/4), Trump suspendeu por 90 dias as taxas impostas aos países que procuraram os EUA para negociar as tarifas recíprocas. 

Inclusive, Trump foi acusado, nessa quarta-feira (9/4), pelo senador democrata Adam Schiff de ter passado informações internas a investidores da bolsa de valores. Schiff pediu ao Congresso que uma investigação fosse aberta para analisar um possível “insider trading” relativo à pausa de 90 dias nas tarifas recíprocas aplicadas a alguns países.

O líder da minoria no Senado, Charles E. Schumer (democrata por Nova York), criticou Trump por uma “semana de caos autoprovocado”, observando as grandes oscilações nos mercados financeiros em reação às mudanças nas políticas tarifárias do presidente estadunidense.

A decisão do presidente em suspender por 90 dias as tarifas para alguns países acalmou as preocupações imediatas de alguns legisladores republicanos, muitos deles, inclusive, apressaram-se em elogiar Trump pelo que chamaram de “maestria em fazer acordos”.

Os republicanos vinham pressionando Trump, pois têm ouvido constantes reclamações de seus eleitores e doadores sobre o impacto das medidas comerciais nos mercados financeiros e na economia. Alguns deles começaram a assinar medidas que acabariam com as tarifas ou aumentariam o poder do Congresso para impedir o presidente de impor tais taxas no futuro.

“Eu estou só tentando entender de quem será a garganta que eu vou enforcar se isso [tarifas] estiver errado e quem eu vou colocar em um altar e agradecer pela abordagem bem-sucedida, se estiver certo”, disse Thom Tillis, senador republicano da Carolina do Norte, sobre as tarifas abrangentes na terça-feira (8/4).

Mesmo após o anúncio de retirar a maioria das taxas, Tillis ainda seguiu em desacordo. Ele afirmou que a medida provavelmente “reduziria parte da escalada”, mas que ainda havia muito trabalho a ser feito para evitar o colapso do mercado. “Precisamos chegar a um acordo antes de nos livrarmos da incerteza”, disse Thom Tillis.

Mesmo com as incertezas e com o medo de pagar um preço político se a economia vacilar, os republicanos, maioria na Câmara, permanecem, majoritariamente, em sintonia com o presidente Donald Trump.

Derrota no Senado

O Senado surpreendeu o presidente, quando republicanos juntaram-se aos democratas, em votação ligada às tarifas impostas ao Canadá e no direito do presidente em taxar.

Quatro senadores republicanos, em um fenômeno raro, optaram por votar com os democratas na resolução que busca anular as tarifas dos EUA sobre o Canadá. O texto propõe que o presidentes dos EUA precisaria notificar o Congresso antes de impor novas tarifas, que demandariam aprovação do Legislativo.

A medida foi aprovada no Senado, por 51 a 48 em favor dos democratas. No entanto, ainda precisa passar pela Câmara dos Representantes, e lá o presidente Mike Johnson já antecipou que não terá força para ser aprovada. Assim como não seria sancionada pelo presidente.

Os senadores Mitch McConnell, Rand Paul de Kentucky, Susan Collins de Maine e Lisa Murkowski do Alasca foram os parlamentares que mostraram suas divergências relativas à política tarifária de Trump. Os senadores marcaram posição logo depois que Trump estabeleceu taxas entre 10% e 50% sobre produtos importados de 117 países.

“Guerras comerciais com nossos parceiros prejudicam mais os trabalhadores. Tarifas elevam o custo de bens e serviços. Elas são um imposto sobre os trabalhadores americanos comuns”, afirmou o ex-líder republicano no Senado Mitch McConnell.

Em sua rede Truth Social, Trump chamou os parlamentares de desonestos e desleais e demandou que “entrassem na onda republicana, para variar”. O republicano Rand Paul rebateu dizendo que “nossa Constituição é muito específica de que impostos se originam na Câmara, vão para o Senado e depois vão para o presidente. Que tipo de sistema teríamos se todos os nossos impostos e leis fossem aprovados por apenas uma pessoa?”.

Posição da Câmara

Apesar de os senadores republicanos terem se unido aos democratas para aprovar a lei que limitaria o poder do presidente em impor tarifas, Mike Johnson, presidente da Câmara, afirmou que o texto não seria aprovado pelos deputados. Ao chegar ao Capitólio nesta semana, Johnson pediu aos legisladores e eleitores preocupados com os efeitos das tarifas de Trump que tenham “paciência”.

“Vamos manter a calma e ter paciência. O presidente está implementando uma estratégia. No momento, ele está negociando com 60 países diferentes acordos comerciais mais eficazes e acho que é preciso ter um pouco de paciência. Essa estratégia está em vigor há apenas cerca de uma semana”, disse Johnson.

O deputado republicano Kevin Hern (Oklahoma) afirmou que “agora mesmo, estamos vendo todos esses países se manifestarem, e isso é um bom sinal. Acho que é isso que o mercado está vendo”.

 

Fonte: https://www.metropoles.com
Foto: Brent Stirton/Getty Images

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