Estados Unidos: Atos contra Donald Trump mobilizam 750 cidades

[Estados Unidos: Atos contra Donald Trump mobilizam 750 cidades]

De norte a sul, de leste a oeste, em eventos que mobilizaram cerca de 750 cidades de todos os 50 estados norte-americanos, manifestantes voltaram às ruas para o segundo protesto nacional contra as políticas do presidente republicano Donald Trump e realizaram ações diversas para expressar insatisfação. "O povo unido jamais será vencido" foi o grito de guerra que reverberou, relembrando as lutas políticas da década de 1970.

Os participantes exigiram o impeachment do magnata, a repatriação de Kilmar Abrego Garcia — o salvadorenho deportado por engano pela Casa Branca — e o fim da perseguição aos imigrantes. Também denunciaram o que chamaram de "autocracia". O "dia de ação" contra Trump foi convocado pelo Movimento 50501, uma alusão a 50 protestos, 50 estados e um movimento.

A mobilização ocorreu no dia em que Trump obteve reveses na Justiça: a Suprema Corte suspendeu a deportação de venezuelanos, no âmbito da Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798; e a União das Liberdades Civis Americanas (ACLU) decidiu processar o governo, em uma Corte Federal, por revogar o status legal de estudantes estrangeiros. 

"Somos um movimento popular pacífico e descentralizado, com uma missão de proteger a democracia e a governança constitucional, face aos exageros do Executivo e aos ataques às nossas liberdades constitucionais", explicou ao Correio Hunter Dunn, porta-voz nacional do Movimento 50501. "Exigimos o fim do imoral e ilegal programa de deportação em massa, a restauração do sistema de freios e contrapesos, a reversão das tarifas desastrosas e de muitas das ordens executivas de Trump, e o fim do dinheiro na política."

Ainda segundo Dunn, o Movimento 50501 começou em janeiro passado nas mídias sociais. "Em 5 de abril, mais de 5 milhões de pessoas participaram de 1.300 protestos, como parte do 'Hands Off!' ('Tirem as mãos!'), uma das coalizões nacionais de manifestações. A nossa coalizão inclui grupos, como Indivisible, MoveOn, The women's march ('A marcha das mulheres'), Human Rights Campaign ('Campanha pelos Direitos Humanos') e muitos sindicatos", disse o porta-voz. "Hoje (19/4), temos mais de 900 eventos em cerca de 750 cidades de todos os 50 estados. No momento, nossos organizadores lideram marchas, comícios, campanhas de arrecadação de alimentos, palestras, eventos de ajuda mútua e muito mais!"

"A democracia corre um grande perigo", afirmou à agência de notícias France-Presse Kathy Valyi, de 73 anos, filha de sobreviventes do Holocausto. Segundo ela, o que os pais contaram sobre a chegada de Adolf Hitler ao poder, na década de 1930, na Alemanha, "está ocorrendo aqui agora". "Em última instância, todos os temas são importantes e estão unidos por esses laços de interseccionalidade, como os direitos dos imigrantes, dos homossexuais, das mulheres", declarou, por sua vez, a estudante Elise Silvestri, de 20 anos.

Professor de história e de política social da Universidade de Harvard, Alex Keyssar avalia que os atos deste sábado se inserem em "uma grande onda, que cresce em amplitude e em intensidade". "Certamente, há um aumento na insatisfação e na preocupação, ambos comportamentos localizados em diferentes pontos e baseados em diversas questões. Cito o tratamento dispensado aos imigrantes; as tarifas e seu impacto sobre os preços, o comércio e as pequenas empresas; a relutância de Trump em recorrer à Justiça; sua postura em relação às universidades e aos estudantes estrangeiros; os temores quanto a previdência social; e a desativação de diferentes poderes e funções do governo", explicou ao Correio.

Deportações

A Suprema Corte dos Estados Unidos suspendeu a deportação de supostos membros de gangues venezuelanas do Texas para uma prisão em El Salvador. No mês passado, Trump invocou a Lei de Inimigos Estrangeiros, de 1798, com o objetivo de deter integrantes do grupo criminoso Tren de Aragua e deportá-los para uma prisão de segurança máxima em território salvadorenho. "O governo é instruído a não remover nenhum membro da suposta classe de detidos dos Estados Unidos até nova ordem deste tribunal", afirma a breve ordem da máxima instância do Judiciário americano emitida na madrugada deste sábado.

"O projeto 2025 de Donald Trump e as ações do presidente desde que tomou posse tornaram incrivelmente claro o seu  desejo de se tornar um ditador ou um tirano. No entanto, o rei louco ainda não foi capaz de pôr fim à nossa democracia. Em 2026 e em 2028, vamos votar para colocar ele e seus comparsas autoritário para fora da Casa Branca."

 

Fonte: https://www.trbn.com.br
Foto: Divulgação/Reprodução

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