CAPÍTULO VIII - “O SUBVERSIVO DE PAULO AFONSO”

[CAPÍTULO VIII - “O SUBVERSIVO DE PAULO AFONSO”]

“O SUBVERSIVO DE PAULO AFONSO”

CAPÍTULO VIII

Voltando à História do Brasil, segundo Dilva Frazão, ipsis litteris, Carlos Mariguella, (1911-1969), foi um guerrilheiro político desde a Ditadura Vargas. Egresso do curso de Engenharia Civil da Politécnica da Bahia, em 1934 mudou-se para o Rio de janeiro para integrar o PCB, então dirigido por Luís Carlos Prestes e Astrogildo Pereira. Preso e torturado por duas vezes na era Vargas, ficou na prisão até 1945 quando foi beneficiado pela anistia do processo de redemocratização do país.

 Em 1946 foi eleito deputado federal constituinte pelo PCB baiano e, neste mesmo ano, seu mandato foi cassado quando o presidente Dutra tornou proscritos os políticos do Partido Comunista Brasileiro. Depois do Golpe Militar que derrubou Goulart, Mariguella ingressou na luta armada e fundou a Aliança Libertadora Nacional onde participou de diversos assaltos a bancos e em setembro de 1969, em uma operação cinematográfica, sequestrou o embaixador norte-americano Charles Elbrick, numa ação conjunta com o Movimento Revolucionário 8 de Outubro, (MR-8). Em acordo, o diplomata foi trocado por 15 presos políticos.

Carlos Marighella deixou alguns escritos políticos entre eles: “A Crise Brasileira” (1966), “Pela Libertação do Brasil” (1967), “Algumas Questões Sobre a Guerrilha no Brasil” (1967), “Chamamento ao Povo Brasileiro” (1968), “O Mine Manual do Guerrilheiro Urbano” (1969), para servir de orientação aos movimentos revolucionários. Em 4 de novembro de 1969, camuflado de freira, sofreu uma emboscada na Alameda Casa Branca, na capital paulista. Foi morto a tiros por agentes do DOPS.

Com a morte de Marighella, na narrativa de Tales Pinto, Lamarca havia assumido a posição de líder mítico que sustentava a esperança na vitória da esquerda. Carlos Lamarca nasceu no Rio de janeiro em 1937, adentrou na Escola Preparatória de Cadetes de Porto Alegre em 1955. Participou das Forças de Paz da ONU, servindo no batalhão de Suez, na Palestina. Quando eclodiu o Golpe de 64, Lamarca servia à 6ª Companhia de Polícia do Exército, em Porto Alegre. Em 1967 foi promovido a capitão e em 1969 organizou sua deserção do Exército, que constaria do assalto de armamentos do quartel de Quitaúna. Foi descoberto, contudo ainda conseguiu levar fuzis e metralhadoras que utilizou na formação da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).

Lamarca, campeão de tiro da América latina, com seus companheiros realizaram inúmeras ações contra o regime civil-militar, entre estas o sequestro do embaixador suíço Giovanni Bucher, trocado logo depois por 40 prisioneiros políticos, além de vários assaltos a bancos para financiar as operações do grupo armado e de ações características de guerrilha rural no vale da Ribeira, no litoral sul do estado de São Paulo. Os assaltos a bancos e as investidas da guerrilha resultaram em morte de policiais e membros das Forças Armadas que os perseguiam.

Foi em ações do MR-8, no interior da Bahia, que o outrora capitão do Exército, denunciado e cercado por forças do Exército da Operação Pajussara, maltrapilho e faminto, finalmente foi abatido a tiros em 1971. Vilão para uns e herói para outros, esta dicotomia insondável, até nossos dias, não foi esclarecida. Nem mesmo com a propagada abertura irrestrita ou não do Estado Democrático Brasileiro.

Concomitantemente às ações beligerantes dos companheiros insurgentes, meu trabalho burocrático na confecção de documentos falsificados para os contras o regime Linha Dura prosseguia na caserna, principalmente nos feriados e finais de semana na tranquilidade do pavilhão de ensaios musicais. Uma vela acesa, uma agulha de coser e uma caneta eram suficientes para bons resultados, haja vista, à época, não ter caneta esferográfica nem CPF e a tinta das canetas era facilmente removida com um simples absorvente líquido.

Para isto, nos meus encontros com a Regina eu era sempre suprido de material original, documentos pessoais conseguidos nos achados e perdidos dos aeroportos, rodoviárias, teatros e cinemas, geralmente por um casal de combatentes, sempre bem vestido, que dizia ter perdido os documentos ali, e, aproveitando-se de um descuido do faxineiro ou do agente do setor de trabalho destes locais, surrupiava cartões de crédito, talão de cheques, identidade e até carteira de trabalho que eram usados para o livre trânsito dos ditos subversivos e para adquirir agente$ ativo$ para manutenção do pessoal, armas e munição para as ações de assalto e combate.

Além do mais... (aguardem as próximas etapas...)